E a gente? A gente precisa urgentemente fazer esse dever de casa em casa.
Fortalecer o mercado interno não é só sobre produzir mais filme com dinheiro público. É sobre criar uma cultura de cinema brasileiro. É levar cinema pra periferia, pro interior, pras cidades que nem sala tem. É fazer com que ver um filme nacional seja tão normal quanto torcer para o time da cidade.
É sobre educação audiovisual nas escolas. É sobre mostrar para as crianças que elas podem ser diretoras, roteiristas, atrizes. Que suas histórias importam. Que o sotaque delas não precisa ser escondido, que a pele delas não precisa ser clareada, que a realidade delas é digna de tela grande.
É sobre distribuição inteligente. Streamings pagam pouco pelos nossos filmes e nada de impostos para alimentar a indústria, mas a gente continua correndo atrás deles como se fosse favor. E se a gente criasse nossas próprias plataformas de streaming focadas em conteúdo latino-americano, africano, asiático?
E se a gente parasse de competir com Hollywood nos termos deles e criasse nossos próprios termos?
É sobre marketing e orgulho. A gente precisa parar de vender cinema brasileiro como “coisa de nicho pra cinéfilo” e começar a vender como o que é: entretenimento popular feito pra gente. A Globo fez isso com novela por décadas e funcionou. Por que a gente não consegue fazer com cinema?